terça-feira, 11 de novembro de 2008

Isolacionismo russo

Mesmo sem a aprovação da Lituânia - e portanto sem unânimidade entre os membros -, a União Européia decidiu retomar as conversações com a Rússia - interrompidas devido à intervenção militar na Geórgia, em agosto.

Os motivos para a decisão não apenas estão claros, como foram ditos textualmente pelos governos de Suécia e Reino Unido, dois dos países mais críticos à guerra na Ossétia do Sul.

"as negociações são a maneira mais pragmática de irmos em busca de nossos interesses numa variada gama de questões importantes, como energia, mudanças climáticas e comércio", diz o comunicado.

O caso ilustra bem como, apesar da clara desconfiança em relação à política externa atual do Kremlin, os Estados europeus se vêem sem alternativa e força de pressão sobre a dupla Putin-Medvedev que - para sorte deles e azar de todos os demais, inclusive da própria população russa - estão sentados sobre a maior reserva de gás da Europa.

Como já escrevi em outro texto, o rigoroso inverno europeu se aproxima e nenhum dos líderes dos países ocidentais teria como justificar internamente um boicote ao gás russo devido à discordância por conta do jogo das relações internacionais.

Entretanto, se não fosse pelas reservas que possui, a Rússia estaria ainda mais isolada. A eleição de Obama foi um duro golpe nos países que tinham o contraponto aos Estados Unidos como estratégia única na formação de alianças - caso da atual política externa russa.

Estados que nos últimos anos se mostravam absolutamente desinteressados de qualquer tipo de relacionamento com os EUA acenaram - mesmo que discretamente - com a possibilidade de diálogo com o novo governo americano. Foi o caso de Venezuela, Síria e até do Irã.

As vozes de oposição em Moscou já começam a se manifestar. Em breve, alguns trechos de uma análise bastante interessante da maneira como pensa a elite política e econômica russa.

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