quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um Irã no meio do caminho; mais Oriente Médio

No dia seguinte ao anúncio da intenção do recém-empossado governo dos Estados Unidos de fechar a prisão de Guantánamo no prazo máximo de um ano, a imprensa iraniana revela que, nesta quarta-feira, dez pessoas foram executadas pelo regime de Teerã. Não há qualquer conexão entre os dois acontecimentos. Pelo menos aparentemente. Os fatos evidenciam, porém, a enorme distância existente entre os países, não apenas estruturalmente, mas na maneira como enxergam os direitos humanos.

Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton, já manifestaram a intenção de usar todos os esforços diplomáticos para convencer o Irã a voltar atrás em suas ambições nucleares. Em nota oficial, a nova administração declarou que em troca da desistência na busca por armamento atômico está disposta a oferecer uma vaga na Organização Mundial de Comércio (OMC) e também normalizar as relações diplomáticas entre os dois países.

Não me parece que a agência de notícias iraniana – controlada pelo Estado – tenha divulgado a execução neste momento por acaso. Soa como um recado de que Ahmadinejad não está disposto a se deixar levar pela onda de otimismo internacional que se seguiu à posse de Obama. Apesar de ter enviado uma mensagem de congratulações após a vitória do novo presidente americano, o iraniano talvez queira conseguir mais vantagens antes de dar o braço a torcer. 

De acordo com organizações internacionais de direitos humanos, o Irã é o segundo colocado na lista dos países que mais executam cidadãos. A campeã é a China. No ano passado, cerca de 150 iranianos foram mortos pelo Estado.

Dentre os punidos com a pena capital nesta quarta, estavam um assaltante que durante um roubo matou um motorista de táxi, um viciado em drogas responsável pela morte da tia, e outro homem que matou três membros de uma família.

Assassinato, estupro, assalto à mão armada, tráfico de drogas e adultério são considerados crimes passíveis de execução. Segundo a BBC, a maior parte dos condenados é morta por enforcamento, mas recentemente dois homens foram apedrejados até a morte após serem declarados culpados do crime de adultério.

Oriente Médio

Ao mesmo tempo em que as relações entre EUA e Irã prometem ser relevantes para a política externa de Obama, a nova administração escolheu o enviado especial para a região.

O ex- senador George J. Mitchell foi ativo no processo de paz da Irlanda do Norte, além de ter liderado uma comissão que tinha como objetivo interromper a violência entre israelenses e palestinos.

Segundo análise do New York Times, ele é visto como um “peso pesado” da diplomacia e sua nomeação pretende dar aos Estados Unidos um perfil mais equilibrado na condução das negociações.

“Ele não é pró-Israel ou pró-palestino. É neutro”, diz Martin S. Indyk, ex-embaixador americano em Israel e conselheiro do governo Clinton.

A três semanas das eleições gerais israelenses, não há muito o que ser feito mesmo. Uma das medidas importantes é restabelecer a confiança dos dois lados em disputa no poder de mediação dos Estados Unidos. A escolha de Mitchell parece ter este propósito. 

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