quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Primeiras conclusões em meio ao caos político israelense

As eleições israelenses terminaram. Ou melhor, parecem apenas ter começado. Ou melhor, ninguém sabe ao certo coisa alguma. O resultado altamente indefinido mostra o quanto é difícil governar um país cujo sistema eleitoral foi criado para representar todos os pontos de vista sobre todos os assuntos. Em Israel há desde os conhecidos Kadima, Likud e Trabalhista até o curioso partido comunista misto entre árabes e judeus e também o da Folha Verde, que defende, bem, a legalização da maconha.

O fato é que com uma cadeira de diferença no parlamento, o Kadima venceu o Likud, numa virada interessante. Mesmo com o Partido Trabalhista obtendo sua derrota mais expressiva, os eleitores que rejeitavam um governo de Netanyahu optaram pelo voto útil no Kadima. Funcionou. Até certo ponto.

Justamente porque Livni pode não ser a vitoriosa de fato. Tudo por culpa do sistema eleitoral que, mesmo tendo o mérito de representar as distintas correntes de pensamento e opinião, impede o exercício da liderança no país.

Para entender, é simples: são 120 cadeiras no Knesset, o parlamento israelense. O bloco de centro-esquerda, onde se encontra o Kadima, precisa cortejar os demais partidos de forma a ter maioria.

E este é outro ponto interessante. O Israel Beitenu – de Avigdor Lieberman, e suas 15 cadeiras conquistadas nas eleições – é o partido mais assediado por Livni e Netanyahu. É óbvio, mas não custa repetir: quem conquistar o apoio de Lieberman será o próximo primeiro-ministro de Israel.

O verdadeiro vitorioso

Com um discurso que mistura críticas ao sistema eleitoral, educativo, civil e religioso, Lieberman sai fortalecido das eleições. Ele será o fiel da balança daqui por diante. O jornalista do Jerusalém Post Shmuel Rosner apresenta uma visão diferente para explicar o sucesso do candidato.

“Israel pode não ter votado necessariamente por uma mudança do mapa. Mas sim pela mudança do sistema político. O que quer que alguém pense sobre as consequências desta eleição, está claro para a maioria dos observadores que esta situação não pode continuar: partidos políticos não podem governar com menos de um quarto dos mandatos. Um primeiro-ministro não pode fazer política seriamente quando é obrigado a se comprometer com tantos partidos e sobre tantas questões apenas com o objetivo de manter a coalizão”, escreve.

Hoje mesmo, diante deste quadro, Lieberman foi procurado pelos negociadores de Likud e Kadima. Livni disse a ele que os resultados eleitorais deram a chance de se formar um governo de unidade nacional.

“Esta é a oportunidade para avançarmos em questões que também são importantes para você”, disse ao líder do Israel Beitenu.

Mesmo em terceiro lugar, Lieberman alcançou parte de seus objetivos: tornar-se uma figura política importante em qualquer que seja o governo e levar sua agenda de prioridades para o centro das discussões. Só para lembrar, ele é o único que tem um plano – absolutamente controverso – para solucionar o maior dilema de Israel nos próximos anos: permanecer como um Estado Judeu. 

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