terça-feira, 3 de março de 2009

Os novos termos das relações russo-americanas

Cartas secretas entre dirigentes americanos e russos lembram muito a Guerra Fria. Mas como tudo parece possível neste início de 2009, a sedução de fazer articulações internacionais por baixo dos panos tomou o governo Obama. Porém o tiro de seduzir a Rússia que ainda se imagina União Soviética saiu pela culatra. Assim, a informação vazou e o presidente Medvedev aproveitou a levantada de bola para dizer que estima muito a importância com que os EUA pensam a relação com a Rússia.

E aí o que se pensava diplomacia – lema de Obama e da Secretária Hillary Clintou – virou fumaça. Para começar do início, autoridades de Washington contaram ao The New York Times que o presidente americano teria enviado uma mensagem ao colega russo propondo uma troca: Washington abriria mão da instalação de um sistema de mísseis na Europa oriental caso Moscou se dispusesse a convencer o Irã a interromper seu projeto de desenvolvimento de armas de longo-alcance.

A questão é mais profunda, envolvendo a diretriz da política externa americana. Se por um lado a opção pelo diálogo parece agradar à opinião pública internacional, as soluções ocorrem mais lentamente. É o que explica o jornalista Gabor Steingart, em artigo publicado no alemão Der Spiegel.

Antes de iniciar uma estratégia própria, Obama e Clinton terão o trabalho de desfazer a imagem belicista e mesmo de confronto com países aliados criada por Bush. Além disso, os Estados Unidos hoje precisam baixar os custos da guerra contra o terror, estimados até agora em 1 trilhão de dólares. Afinal, como explicar um gasto desta magnitude num momento de crise?

Estender a mão à Rússia pode significar um investimento em longo prazo em duas áreas importantes: a solução para frear o desenvolvimento atômico iraniano sem a necessidade de mais um empreendimento bélico; e também a constituição de uma nova parceria econômica com um importante aliado.

“Os Estados Unidos pretendem oferecer apoio nos esforços da Rússia de se tornar integrada à ordem econômica do ocidente. Existe a intenção de acabar com barreiras de comércio entre os países e é possível acelerar a candidatura russa para integrar a Organização Mundial de Comércio (OMC)”, escreve Steingart.

Num momento em que a economia russa – e em breve a do mundo inteiro – vai de mal a pior, definitivamente o confronto não é a melhor alternativa para solucionar os graves problemas. O PIB do país promete cair, já que, como a Venezuela, a economia se baseia no petróleo – e o preço do barril vem caindo a cada dia.

“Obama não é altruísta. A realidade desfavorável obriga Washington a ter a Rússia como um parceiro seguro. Além disso, os EUA buscam uma aliança com a China e pelo menos algum equilíbrio em suas relações com Irã e Coreia do Norte”, diz Strobe Talbott, assessor de Hillary Clinton.

Um comentário:

נחמיה יצחק disse...

E enfim ,trocaram o telefone vermelho?