terça-feira, 23 de junho de 2009

No Oriente Médio surgem as consequências imediatas aos protestos

Com a confusão instalada no Irã por período indeterminado, as consequências das manifestações em Teerã se espalham por todo o Oriente Médio, atingindo aliados e inimigos. No caso específico de Israel – único oponente declarado ao regime dos aiatolás e de Ahmadinejad – há uma posição que paira no ar quase de maneira silenciosa.

Em entrevista ao jornal alemão Bild, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou que não existe qualquer conflito entre os povos israelense e iraniano. Lembrou que já houve períodos de relações amistosas entre os países – antes da Revolução Islâmica de 1979 – e considerou positivo o descontentamento da população iraniana – cujas enormes passeatas e embate com a polícia são formadas basicamente pelos moradores da capital iraniana. Esta também é a posição do presidente israelense, Shimon Peres.

O assunto não chega a ser comentado com frequência pelas autoridades de Israel por temor de que qualquer declaração possa influenciar diretamente os atuais protestos.

“Os líderes israelenses estão relutantes de apoiarem diretamente os manifestantes porque estar associado a Israel poderia mais prejudicá-los do que ajudar”, diz ao jornal Haaretz Shlomo Aronson, cientista político da Universidade Hebraica de Jerusalém.

O fato é que até o plano de atacar as bases nucleares de Ahmadinejad pode ser adiado. Não se sabe ao certo se para ganhar tempo e ver os efeitos desencadeados por essa crise. Acredito que em parte sim, mas também por uma decisão meramente técnica. Seja qual for o motivo, o chefe do Mossad declarou na última semana que, segundo previsões técnicas, o Irã só deve conseguir obter tecnologia nuclear para produzir armas atômicas em 2014.

No outro lado dessa moeda estão os dois maiores aliados de Ahmadinejad: Síria e Hezbolah. Ambos não estão vendo com bons olhos a confusão nas ruas de Teerã. No caso de Bashar Assad, presidente sírio, existe o temor de que a onda de rebelião se espalhe para seu país. E seu não é figura de linguagem, levando-se em consideração, por exemplo, que o presidente foi reeleito com 97% dos votos. O veto a informações vindas do Irã é medida oficial. Tanto que a agência de notícias síria – controlada pelo governo – ignora solenemente os protestos da população iraniana.

Na parte do Líbano dominada pelo Hezbolah, o movimento é um pouco distinto. O discurso ainda mais extremista ganhou força. Ahmadinejad é visto como um mártir xiita perseguido por Estados Unidos e Israel. Parece que o discurso do presidente iraniano de culpar as forças ocidentais pela confusão no Irã só virou pop mesmo no sul de Beirute.

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