terça-feira, 4 de agosto de 2009

O atoleiro dinamarquês

Anders Fogh Rasmussen, ex-primeiro-ministro da Dinamarca, assumiu o cargo de secretário-geral da OTAN nesta segunda-feira. Os dilemas da organização – cuja existência fica cada vez mais atrelada à guerra do Afeganistão – são complexos demais para serem resolvidos rapidamente. O dinamarquês sabe disso. E mirou em dois dos grandes – e talvez únicos – objetivos a serem alcançados: simplesmente derrotar o Talibã e dialogar com a Rússia.

O novo dirigente foi ele mesmo eleito sob polêmica. A Turquia era contrária à escolha por conta da grave crise que envolveu dinamarqueses e muçulmanos, em 2005, quando as charges satirizando o profeta Maomé foram publicadas por um jornal da Dinamarca.

A “bagagem” não é das melhores para alguém que tem como uma de suas principais atribuições profissionais justamente gerenciar os conflitos entre tropas ocidentais e guerrilheiros radicais islâmicos.

Some-se a isso o fato de a OTAN não conseguir derrotar a resistência. Os extremistas talibãs estão ativos em pelo menos metade do país. Para piorar, em três semanas ocorrem eleições no Afeganistão sob suspeita de fraude antes mesmo de as urnas serem colocadas nos locais de votação.

A situação de impasse não é nada animadora, como mostra análise do New York Times.

“Se (os moradores da região sul, sob amplo controle do Talibã) não puderem votar por questões de segurança, os Pashtuns – maior grupo étnico e bastante próximo ao próprio Talibã – podem se afastar ainda mais do governo central e das forças estrangeiras que o apoiam. No norte do país, existe a possibilidade de ondas de protesto parecidas às ocorridas no Irã, já que os moradores desta região lutam por mudanças e podem julgar que seus votos foram manipulados”.

É este o cenário que Rasmussen deve enfrentar antes mesmo de completar um mês de mandato.

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