sábado, 17 de outubro de 2009

Ampliando o foco sobre o relatório Goldstone

O Brasil agora é membro do Conselho de Segurança da ONU ocupando um posto não permanente. E, como tal, pretende entrar pela porta da frente do jogo internacional ao escolher atuar na mais prestigiada arena do planeta: o conflito árabe-israelense. O Brasil está certo. Preocupante mesmo é perceber que, apesar das milhões de vidas em jogo na região, nada disso parece importar aos que palpitam ou decidem sobre os rumos do Oriente Médio. A disputa entre árabes e israelenses – e entre palestinos e israelenses, em particular – se tornou meramente um trampolim para alcançar status e atingir objetivos políticos.

O relatório de Richard Goldstone – sobre o qual já escrevi no dia 17 de setembro, logo após a divulgação do documento. Leia aqui – foi aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU. E, antes que se faça tal questionamento, acho correto que as partes envolvidas em possíveis crimes de guerra sejam chamadas a investigar e a responder pelos seus atos.

Entretanto, o próprio Richard Goldstone mantém posições ambíguas sobre o texto que produziu. No documento, afirma que as informações são verdadeiras – e, vale lembrar, a partir delas serão condenadas ou inocentadas autoridades e, ao que parece, há um grande lobby internacional para condenar e boicotar o próprio Estado de Israel (!). Em entrevistas que tem concedido, porém, ele diz que o relatório se trata somente de “um caminho a ser seguido pelos investigadores” e “sem qualquer evidência de crimes israelenses”. Ora, qual é o verdadeiro Goldstone: o que assina ao final das mais de 500 páginas de texto ou o que diz o contrário quando fala à imprensa?

O Conselho de Direitos Humanos da ONU é um capítulo à parte. O órgão faz qualquer coisa, menos se preocupar com direitos humanos. Para se ter ideia de como a política é a base sobre a qual seus membros atuam, vale informar que 80% de todas as suas resoluções são dedicadas a condenar Israel. Ou seja, de todos os 192 países-membros das Nações Unidas, Israel seria praticamente o único a violar os direitos humanos do planeta. Acho que isso já diz o bastante, mas para ilustrar ainda mais o picadeiro de absurdos no qual o órgão se transformou, eis alguns de seus membros: Líbia, China, Angola, Egito, Paquistão e Arábia Saudita.

Tudo isso serve para evidenciar que a legítima luta de defesa dos direitos humanos e da busca da verdade e de culpados pela guerra do início deste ano em Gaza foi corrompida. No lugar da preocupação com direitos humanos palestinos e israelenses, os membros do CDH estão conseguindo sucesso em tornar pública e adquirir adeptos para a campanha de pôr em xeque a própria legitimidade da existência de Israel. Com contornos mais sofisticados, ela difere dos slogans proferidos pelo presidente iraniano. Enquanto este não cansa de repetir que gostaria de “varrer Israel do mapa”, os membros do CDH optaram por levar adiante o objetivo de isolar o Estado Judeu, tentando transformá-lo num “pária” entre as nações.
PS: viajo hoje e volto a escrever no dia 2 de novembro

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