segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Novo foco do terrorismo internacional

Apesar de o novo comunicado de Osama bin Laden ser a grande notícia da política internacional de hoje, prefiro me concentrar num possível centro de operações da al-Qaeda, a Nigéria. Após o frustrado atentado de 25 de dezembro passado, o foco das atenções se voltou para o país de origem do jovem que quase detonou explosivos improvisados no voo da Northwest Airlines.

Por conta do episódio, a Nigéria passou a integrar a lista de 14 países cujos passageiros passam a ser ainda mais vigiados nos aeroportos americanos. Mas a verdade é que a situação no Estado mais populoso do continente africano é crítica. E não é de hoje.
Existe uma divisão étnica e econômica que contribui bastante para periódicas explosões de violência interna. O norte é mais pobre e de maioria muçulmana; o sul, mais rico, é majoritariamente cristão. A tensão é permanente entre as partes e não é raro que haja confrontos.
Na última semana, 326 pessoas morreram em conflitos religiosos; em julho do ano passado, houve mais de 700 mortos após o grupo fundamentalista islâmico conhecido como Boko Haram entrar em ação coordenando três grandes ataques.
O governo tampouco contribui e, quando reprime os confrontos, age com significativa brutalidade. O líder do grupo que assumiu a autoria dos ataques, Mohammed Yusuf, era acusado de ter contatos com a al-Qaeda. Mas isso pode nunca ser esclarecido já que as autoridades governamentais o mataram logo após sua prisão.
Richard Downie, membro do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, de Washington, nos EUA, considera a situação ainda mais grave ao levar em consideração alguns dados fornecidos por pesquisa de opinião pública conduzida pela Pew Global Attitudes.
Segundo levantamento realizado em 2009, 43% dos muçulmanos nigerianos dizem considerar justificáveis os atentados suicidas; mais da metade dos entrevistados expressa confiança em Osama bin Laden.
O ambiente onde Umar Farouk Abdulmutallab cresceu não é propriamente, digamos, hostil às ideologias que o jovem quase conseguiu transformar em assassinato em massa no dia 25 de dezembro.

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