segunda-feira, 23 de maio de 2011

Obama vai à Europa em busca da popularidade perdida

O giro europeu iniciado hoje por Obama é o tipo de excursão necessária em quase todos os aspectos. Há muitos assuntos vitais a serem discutidos e, além disso, a agenda presidencial inclui, também, certo tom de aquecimento para as próprias eleições americanas do ano que vem. Historicamente, ainda é recente a imagem impressionante de milhares de alemães saudando o então candidato Democrata no discurso de Berlim, em 2008. Se houve queda nos índices de aprovação entre os cidadãos americanos, a popularidade de Obama continua em alta do outro lado do Atlântico: 70% dos europeus consideram bom o seu mandato à frente da maior potência mundial.

 
Este é o tipo de prestígio que pode ser aproveitado de alguma maneira. Não se sabe exatamente qual o impacto nos EUA de tamanha aceitação internacional, mas não custa nada dar uma força e recriar novas imagens da Obamamania. Elas serão úteis durante a campanha, sem qualquer dúvida. Há outras questões importantes para o momento atual. Estar na Europa é ter a oportunidade de abordar de frente, por exemplo, a situação das tropas aliadas no Afeganistão.

Como se sabe, a política externa americana não é o tipo de assunto capaz de comover os cidadãos comuns do país (o caso afegão é diferente porque os soldados dos EUA que estão lá são filhos, netos, maridos etc). Mas esta viagem tem forte apelo aos europeus.

A reafirmação da solução esperada por Obama para o conflito palestino-israelense teve grande repercussão no continente. Não apenas isso; as palavras do presidente americano foram muito bem recebidas porque se encaixam plenamente no imaginário criado pelo público europeu do que seria uma liderança justa de Washington; e também porque no discurso do Oriente Médio houve uma grande preocupação quanto os termos usados. Obama fez questão de dizer que conta com o Quarteto (além dos EUA, o grupo é formado por Nações Unidas, União Europeia e Rússia) para seguir em frente com o processo de paz. Este é o tipo de declaração que os europeus esperam do presidente americano.

O tour também é útil como uma espécie de fuga doméstica. Após a polêmica causada pelo discurso para o Oriente Médio e do desgaste em torno do encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu – eventos que mobilizaram a imprensa dos EUA –, vale a pena dar um tempo de uma semana (uma viagem considerada longa para os padrões históricos do presidente) e mudar o foco das discussões pelo menos por ora.

Especificamente, a visita à Irlanda apresenta alguns aspectos curiosos: como cerca de 40 milhões de americanos têm ascendência irlandesa, uma boa recepção na terra original de tantos eleitores pode ter algum impacto positivo. E mais: a descoberta que um tataravô de Obama atravessou o Atlântico em busca do sonho americano reafirma a própria identidade cultural do presidente. Vale lembrar que ele teve que apresentar sua certidão de nascimento para provar que, de fato, é cidadão do país nascido em território dos EUA (no caso, o Havaí).

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