quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Kerry tenta levar israelenses e palestinos de volta à mesa de negociações

O prazo estipulado pelos EUA para que Israel e a Autoridade Palestina comecem a estruturar as bases para a retomada de conversações de paz é abril. Estamos em fevereiro e, como de costume, há poucos avanços. A notícia da expansão de assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental não pode ser considerada exatamente um incentivo ao diálogo. Mas há uma questão relevante neste ponto: para Israel, Jerusalém reunificada desde 1967 é a capital do país, não um assentamento. De qualquer maneira, aprovar construções na parte da cidade que os palestinos pretendem estabelecer sua capital não ajuda muito. Ainda mais neste momento. No entanto, creio que as duas partes vão correr do acordo.

Foi só o secretário de Estado John Kerry anunciar que os lados precisavam estabelecer linhas gerais para retomar conversas mais sérias que os problemas começaram a surgir. A liderança palestina tampouco está disposta a declarar amplo apoio ao que Washington imagina viável para solucionar o conflito, mesmo levando em consideração que a ideia americana é a mais razoável possível. De fato, é a única alternativa para um acordo de paz sério. E isso demanda coragem para negociar. E negociar é, em boa parte, enfrentar derrotas – muitas delas dolorosas. Os pontos principais são os seguintes:

Divisão de Jerusalém (sem entrar em especificações técnicas por ora); retirada gradual dos assentamentos judaicos da Cisjordânia – Israel manteria controle sobre os maiores blocos; Israel cederia parte de território aos palestinos como compensação à manutenção de parte dos assentamentos; palestinos reconheceriam Israel como Estado judeu; compensação financeira aos refugiados palestinos, mas estes não teriam qualquer direito a retornar a Israel, somente ao Estado palestino.

Não imagino qualquer solução que possa fugir das alternativas listadas acima. Talvez alguém muito criativo imagine algo, mas ninguém com real interesse no estabelecimento da paz entre israelenses e palestinos conseguiu, até hoje, pensar em soluções diferentes. Até porque encontrar um meio-termo é, como escrevi, aceitar derrotas. Nos bastidores, há informações de que a cúpula do governo de Israel aceita assinar a intenção de conversar a partir dessas bases. Acho que fica mais complicado aos palestinos, justamente porque a Autoridade Palestina deve enfrentar forte oposição interna do Hamas e, considerando seu enfraquecimento político interno, pode tentar encontrar uma maneira de abandonar o barco sem parecer ter cedido às pressões do grupo radical islâmico.  

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