terça-feira, 12 de agosto de 2014

As difíceis escolhas diante do Hamas

Complementando o texto desta segunda-feira, se o Hamas se transformar num grupo político que aceite abandonar as armas para negociar com Israel, uma parte importante do conflito israelense-palestino estará resolvida. Resta saber se o Hamas concordará com isso em troca de alcançar legitimidade política. 

Ronen Bergman coloca a questão da legitimidade como se esta já fosse por si só uma importante vitória ao grupo. 

“Apesar de Israel estar em busca da marginalização do Hamas e do fortalecimento de Abbas (Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina), o Hamas está, pela primeira vez em sua história, prestes a ser reconhecido internacionalmente como uma parte igual da disputa entre israelenses e palestinos”. 

Novamente, tendo a não concordar que esta situação representaria uma derrota absoluta a Israel. Se o governo de Benjamin Netanyahu tiver alguma participação no processo de desarmamento do Hamas, o atual primeiro-ministro passará à história do país como o responsável pelo fim do lançamento de mísseis do Hamas e dos outros grupos armados que operam em Gaza. E quem haveria de considerar este passo como uma derrota para Israel? 

O problema para Netanyahu começa no momento seguinte. Se o Hamas se transformar numa entidade política pacífica que aceite negociar, a bola passa para o lado de Israel. E este é o ponto que aparentemente o grupo palestino ainda não interpretou corretamente. Se depuser as armas e topar negociar com Jerusalém, que eventuais argumentos Bibi terá para não suspender o bloqueio a Gaza, por exemplo?

Para o Hamas, o problema é menos a questão com Israel e mais as disputas internas palestinas. Por ora, todas as decisões envolvendo o prolongamento do cessar-fogo, a reconstrução de Gaza ou novas formas de supervisão das fronteiras do território passam pelo retorno da Autoridade Palestina. E aí, olhando a figura de maneira mais ampla, a guerra que o Hamas iniciou contra a Israel terá existido para resultar na maior perda imaginável ao grupo: abrir mão do território que controlava desde 2007 e entregá-lo de bandeja ao seus principais rivais internos. 

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