sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A Jordânia pode ser a bola da vez do Estado Islâmico

Escrevi há uma semana sobre o sequestro do piloto jordaniano e também sobre as muitas questões envolvendo o caso, principalmente a inédita possibilidade de um Estado nacional entregar uma terrorista condenada em troca da libertação de um dos seus cidadãos. Como já se sabe, nada disso aconteceu. O rei Abdullah (foto) foi feito de bobo e os assassinos do Estado Islâmico realizaram mais um exercício de glorificação pornográfica da morte – é disso que eles mais gostam de fazer, aos que ainda não se deram conta. Diante de mais esta demonstração de selvageria e brutalidade, existe um mal-estar generalizado a partir da confirmação do que já estava óbvio a quem quisesse ver: não há negociação com o Estado Islâmico. O grupo não faz qualquer reivindicação razoável e não deixa nenhuma margem para além do combate.

Grupos terroristas muitas vezes se disfarçam por meio de argumentação; a al-Qaeda ainda faz isso; até o Talibã afegão condenou o atentado suicida a uma escola no Paquistão pela filial do grupo no país, escrevi sobre isso também. A ideia é encontrar alguém que flexibilize posições, principalmente os ingênuos. E há muitos por aí. O Estado Islâmico não faz nem este mínimo esforço. A barbárie é sua bandeira e a forma como procura angariar seguidores. E, como temos visto, esta estratégia tem funcionado bem. 

Diante do choque internacional com mais este “feito” do EI, acho interessante dividir parte da análise de Charles Krauthammer, do Washington Post. Para ele, o objetivo do EI é desestabilizar a Jordânia, país que, em meio ao cenário turbulento do Oriente Médio, tem conseguido se manter relativamente estável. Para ele, se a Jordânia de fato se envolver numa guerra aberta com o EI, o conflito poderá colocar em risco, inclusive, o regime da família Hachemita, dinastia que comanda o país desde a fundação da Jordânia moderna, em maio de 1946. 

Creio que desenvolver uma análise a partir da eventual ruína do país é precipitado. A novidade do raciocínio de Charles Krauthammer é que ele encaixa uma peça que ficou solta e tem causado grande revolta. O assassinato brutal do piloto jordaniano é injustificável. A ideia de que o EI queira arrastar a Jordânia para destruir o regime é plenamente possível, na medida em que o governo de Amã continua a ser um entrave às ambições do grupo terrorista de rasgar as fronteiras nacionais em seu projeto de constituição de um califado. Para complementar esta análise, nunca é demais lembrar que a Jordânia mantém relações diplomáticas com Israel desde 1994.

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